5 de dezembro de 2009

Pouco para Tanto...



"O povo não abandona tão facilmente suas antigas formas como alguns estão prontos a sugerir. Ele dificilmente vai ser convencido a corrigir as falhas reconhecidas na estrutura a que está habituado (...) o conservadorismo e a inércia levarão o povo a suportar grandes erros por parte do governo, muitas leis erradas e inconvenientes, e todo o tipo de deslize da fragilidade humana (...) sem revolta ou queixas."

- John Locke em O Segundo Tratado do Governo Civil de 1690 / Parágrafos 223-225 -


A essas palavras de Locke, contendo qualquer comentário contemporâneo, apenas recordo de Proust em À Sombra das Raparigadas em Flor, que apresenta parecida provocação ao questionar o leitor se num momento ou outro os nativos que contemplavam, separados por um vidro, o salão de jantar do Hotel em Balbec ousariam ultrapassar a barreira num ato faminto de revolta... Ora, Proust passa dias e dias de férias nesse Hotel e pelo que me recordo, os famintos nem mesmo enconstam no vidro, apesar de ali retomarem frequentemente a apreciação do jantar requintado dos hóspedes.

Com esses recortes é que a Arte se mostra como 'verdadeira' reflexão sobre a vida...



Carol Gomes