28 de março de 2015

que as buzinas toquem flauta doce e que triunfe a força da imaginação!

diz o oswaldo que essa é a música que ele compôs para a felicidade...

engraçado, a imaginação tinha que aparecer nessa novela... rssss porque imaginação e hábito são amantes, amantes eróticos, se desejam! lindo lindo... daí que felicidade é hábito, é praticar diariamente... vixe! e praticando você libera as conexões dos hojes, do agora, do agora de ontem, do agora de amanhã... praticar agora, praticar agora daqui a pouco, praticar agora daqui ontem...

mas isso aí é só para quem não separa prática-pensamento! para quem literalmente molha calcinha e cueca no uso descontínuo da imaginação: nas mãos, na boca, nas pernas, nos olhos...


27 de março de 2015

dois mitos que revelam ausência de criticidade, e para os cristãos, amor e respeito com o outro:

Mito 1) bolsa família está aumentando vagabundos. Você teria condições emocionais para parir um filho só para ganhar alguns reais?!

Não responda para mim, responda para você, sem pronunciar nem uma palavra!

Mito 2) a frota de carros de 2003 até hoje vai acabar com as condições de tráfego no país. Claro, depois que pobre conseguiu comprar carro com o bolsa família, a culpa é dele... mas ninguém quer questionar os milionários que tem 4 carros na garagem para uma família de 4 pessoas.

a1) Você sabia que carro de pobre atende necessidades de locomoção de pelo menos 5 casas? A do dono e dos vizinhos ao redor? Porque pobre quando passa mal pede ajuda ao vizinho que prontamente levanta na madruga, enfia o 'enfermo' no carro e leva para o pronto atendimento.

a2) Você sabia que pobre dá carona para quem está no ponto de ônibus? para quem sobe morre? para quem está carregando menino no colo e correndo da chuva?

a3) Pobre faz mudança no carro...

a4) Pobre não é milagroso, mas é jesuis: multiplica o pão!

quanto mais eu ouço sobre o governo, mais eu vejo o ódio, o nojo de pobre, o preconceito escorrendo entre nós!



26 de março de 2015

O prato do dia não era casadinho, mas a salada era mineira

Mais uma manhã de biblioteca cuja labuta são as imagens que insistem em não continuar o movimento diferenciante, sendo que ao meio dia e pouco resolvi procurar um almoço ao estilo leve para não retardar a retomada da pesquisa tarde adentro.

Logo na esquina entrei faminta no tal Bistrô Público; a pista de frios era interessante, embora a pista quente, nada convidativa ao vegetarianismo. Hum?! Encarei mesmo assim e servido o prato, segui a empreitada por uma mesa livre, porém todas ocupadas; então pensei por uns segundos em pé com o prato na mão no meio do salão: “Hora de exercitar a experiência de frequentadora de RU e pedir a beira de alguma mesa; vai que rola uma amizade?!”.

Avistei um homem sentado quase que findando a refeição: “Bem, é com ele que vou almoçar, porque se algo der errado ele já está no fim”.
Eu: Posso sentar com o senhor?
Ele: Sim, claro, por favor!
Eu: Obrigada!

Sentei e comecei a refeição pela salada, pensando: Puxo conversa ou faço jus ao estilo curitibano de se manter reservado excessivamente?
Tempos depois o moço dirigiu a mim a pergunta: Você é estudante de quê?
Em fração de segundos entrei no processo surtado do diálogo interno: É tão visível assim que sou estudante? E então respondi para ele: Uai, estudo filosofia e fico tentando estudar artes”.

O moço do cabelo bem ralinho e louro continuou: Que ótimo, muito bom almoçar com uma filósofa.
Droga! Três equívocos de um almoço numa só fala: i) achar que todo estudante de filosofia é filósofo; ii) achar que filósofo sabe tudo da existência e é irmão do terapeuta; iii) se ele ver comida nos meus dentes o problema não é meu, ele quem está embarcando numa conversa enquanto mastigo.
Continuou o moço: Me diz uma coisa, o que os filósofos dizem do amor?
“Não, não, não! Me recuso a conversar com ele”. Pensei urgentemente já acelerando os batimentos cardíacos. “Puxa, moço, por esses dias não!, só ando podendo pensar sobre imagens, imagens, tempo...

Olhei para ele cravando nos olhos uma máxima não filosófica: Uai, o Sr. sabe que não sei?! Estou começando a estudar filosofia agora, entrei no curso faz pouco tempo.
Ele: Ah sim, você parece mesmo bem novinha!
Pensei: Maravilha, saí dessa e ainda recebi um elogio! E perguntei: Mas por que o Sr. quer saber sobre o amor?
Ele: Porque meu casamento acabou hoje cedo.
Respirei pensativa: Vixe, vou acelerar esse almoço e correr daqui porque a bomba vai explodir, e se essa explosão não for aquela interna do tal impulso vital bergsoniano, será aquela emotiva que leva junto tudo e todos que estão perto.
Murmurei: Hã, entendi.
Vim almoçar aqui porque vou mudar a rotina de lugares e hábitos para esquecer logo. Disse o recém descasado naquele semblante de monólogo.

Do outro lado da mesa pensava eu: Para que fui ler Proust um dia na vida?! Para que fui nascer num momento de casa dupla em leão?! Para que a gente ama?!
E assim íamos com o almoço, ele soltando umas brechas no seu monólogo e eu reagindo em duas direções: respondendo com 'hã', 'hum', 'entendo', e, com a cabeça borbulhando ao retomar lembranças psicológicas de experiências amorosas.
Pensa na cena, uma cenografia completa livre para o jogo de iluminação conforme a intensidade do roteiro: uma mesa; dois pratos; dois humanos de frente um para o outro, uma mineira e o outro, talvez, paranaense; um vasinho de flor artificial acompanhado do suporte de palito, guardanapos e sachês de sal; jogo americano de papel em tom laranja... se o plano fosse close, qualquer um acreditaria que eu seria a ex casada do monólogo daquele Sr.; vxe!

O moço acabou o almoço e pediu sobremesa. Depois terminei o meu e pedi café. Ele no monólogo e eu no pensamento. Um almoço à la Bergman que nem de longe eu havia planejado para o dia.
Terminei o café e fui me despedindo. Até que ele fez uma pausa no monólogo e perguntou afirmando: Você não é daqui, né?!
Respondi com a boca salivando em cafeína: Sou mineira! Tchau, até mais!
Paguei o almoço e segui para a biblioteca atormentada com a situação, afinal, agi de modo curitibano, não falei uma oração com dois verbos, entretanto meu pensamento inundava em lágrimas verbais espelhadas no monólogo do moço.

Sim, eu também tinha dor de amor para falar, mas naquele almoço não rolava comê-la novamente com a salada, preferi tal qual uma estrangeira aparentar uma in-diferença fugitiva, nesse sentido, reforçar minha territorialidade mineira: comer caladinha a salada amorosa, porque se o sabor for um amargo dolorosamente comestível, as lágrimas poderão se revestirem em arte, num sentido decalcado de arte, o terapêutico.

(vale lembrar que o que se diz de jeito 'curitibano, paranaense', é apenas um ficção sem sentido pejorativo).

24 de março de 2015

eu que na praticidade necessito mergulhar no cinema, tô só me embriagando de fotografia...
a garrafa da bebida tá trocada?!
não
a bebida de uma mesma garrafa tá diferente?!

fotografia: Arnaldo Pappalardo

o carro vai cair na piscina. piscina?!
as roupas vão voar do varal para o quintal do vizinho. de que lado?!
o cano da parede estourado vai infiltrar tudo. cano?!
ao chegar na parede rosa, vire à esquerda para estacionar na garagem. garagem?!
a tinta escorreu da lata e marcou para uma finitude passageira o chão. que tinta?!
e do buraco amarelo da piscina saiu o suporte do varal. do varal que não precisa de suporte?!


Exposição de trabalhos do fotógrafo: Arnaldo Pappalardo

tá na cara... não há imobilidade na fotografia! mas as provas são tão móveis que a linguagem não alcança! Fudeu!


fotografia: Arnaldo Pappalardo

o vermelho sempre sabe que quem dança é o sapato embalado nos tons nem sempre frios do azul!

23 de março de 2015

na andanças temporais aprende-se o gosto das estradas como pontos lisos de interseções do estarmos a ser.
(31.12.12 br 153 posto alvorada entre goiânia e itumbiara)
[no posto rodoviário, entre, mas só-entre, um café e outro café, a gente vê um movimento e se pega como dobra]

- adendos de uma não causalidade necessária -
emotivamente criador perssentir o quão é indispensável mover morada para sentir o corpo, ver o barulho no silêncio, ouvir a quentura da pele no frio, saborear a regionalidade distendida da mesma língua, cheirar as palavras novas de uma leitura repetida.
só há uma constância, o de não ser idêntico, mesmo, fixo. há fórmula, porém com variáveis móveis.
viver não é preciso. navegar é preciso!
fixar não é preciso. mover é preciso!



19 de março de 2015

a bola problemática da vez é um imbróglio casamenteiro entre tempo, luz e fotografia... eita frio sulista em pleno março para um corpo com marcas do cerradão mineiro...

a gente sempre começa numa inocência profana de crer mentirosamente de que fotografar é só apertar o botão... no clique do trem passa uma feitiçaria múltipla cujo ingrediente da macumba é encarnar no mesmo corpo: tempo, luz e vida!

"quando buscamos uma lembrança que nos escapa, temos consciência de um ato sui generis, pelo qual nos destacamos do presente para nos colocar, inicialmente, no passado em geral, depois em certa região do passado: é um trabalho tateante, análogo à preparação de um aparelho fotográfico". |gd; b|


12 de março de 2015

eis Catarina... que do teatro de sombras me provoca a perguntar: qual delas?!

quem é mais Catarina?! Não, não... ambas são Catarinas, apenas cada uma na sua intensidade de absorção da luz...


6 de março de 2015

beleza, universo! vossa complexidade escapa,... me faz a mim sentir-me-lho!
ao passo disso tudo eu querendo fotografar, tapiocar e pandeirar.
[imagens: trechos do gd em b, 1966]



1 de março de 2015

'contos de tóquio' [1953, ozu] e 'eles não usam black-tie' [1981, leon hirszman]

eu diria que o sorriso de Noriko [1953] e os olhos de Romana [1981] dão o encontro de um tempo cujo real parece estreito demais para o cinema.

duas obras, dois diretores, um diálogo!

Kyoko: A vida não é decepcionante?
Noriko [sorrindo]: Sim, ela é.
(trecho de 'contos de tóquio')

a cena brutal que regaça qualquer pulsação em Eles não usam black-tie[filme brasileiro de 1981, diretor Leon Hirszman]

cena brutal de quando o vazio é a personagem imponente sem participação na matéria, embora, insistentemente atual(izado).
[filme japonês de 1953 'contos de tóquio', direção: Yasujirô Ozu]

amanhecer é movimento, de tempo... as sombras, como fotografia, revelam!
[filme japonês de 1953 'contos de tóquio', direção: Yasujirô Ozu]