21 de fevereiro de 2013



É que, ultimamente todas as minhas certezas parecem ter virado de cabeça para baixo. A filosofia é um céu vazio no qual todos continuam pendurando suas pedrinhas brilhantes fazendo-as passar por astros.

Gostosa, a rolha. Todos temos gosto de rolha. Somos rolhas. Vedamos a razão, a verdade. Quando eu era criança com 5 ou 6 anos, brincava na sacada com um espelho. Meu pai perguntou o que eu estava fazendo. Falei: “Cegando o sol”. Ele, sério, disse à minha mãe: “Nosso filho será um impostor”. Tinha razão. Tornei-me filósofo. O filósofo é um impostor, ou se preferir, o impostor é um filósofo.

Até agora, as filosofias embora divergentes, tiveram uma só meta: Combater a opressão, o nazismo, o fascismo, o comunismo e tudo o mais. Mas agora dizem que as falsidades ideológicas acabaram! E então? A especulação filosófica era um remédio. Curada a doença, o remédio virou uma droga maléfica.

Que bosta! Não quero drogar mais ninguém, entendeu?!

Trecho do Filme
Ettore Scola in O Jantar (La cena) de 1998