24 de julho de 2011

Breve diálogo 'ead' de máxima importância entre pares vagantes

Enviar mensagem (numa sexta-feira no bater do almoço):
ARAÚJO, A.C.G. diz: Acho que estou sendo sequestrada pela música.

Mensagem recebida (minuto seguinte):
FERNANDES, F. J. responde: A música! A filosofia! Irmãs de graça e de amizade que, em movimento, revelam uma unidade...




É música, e é também uma prosa com café em volta da mesa. É doce como a conversa desinteressada na varanda por onde o vento passa bailando. É sentimento escorrendo em cores transparentes.



Violoncelo é como ver as pegadas sem os pés...
Cheiroso sem aroma...
Colorido em branco...
Macio sem espaço...
Doce como as palavras mais embriagantes da velha e boa literatura...
Porque choro dores e alegrias que não vivi...
Porque bebo as lágrimas alegres de cada nota...
Porque sou criança que vê algodão doce nas mãos do violoncelista...
Porque sou selvagem em falsas vias de civilização...
Porque nas cordas sinto o cheiro de um tal devir que me lança ao Sim...
Porque o meu acaso assume a necessidade nas tonalidades da Arte...
Porque os porquês quando suaves são silenciosos embora 'possuintes'...
Porque tenho tomado, mais que nunca, música como filosofia; filosofia como pintura; pintura como literatura; literatura como fotografia; fotografia como estar-sendo Vida!!
Porque o mais vil-nobre momento é incrivelmente aquele em que sou ruminada pela Arte...
E vendo-me na ruminação é que digo à provocativa nietzschiana: Sim! É essa vida, exatamente como a vivo e vivi, que ei de vivê-la outras tantas vezes!!! Se assim, emaranhada à arte na noite mais solitária solidão for...

É ela quem toma posse sem se apropriar, sem se interessar...

Ela ou elas?! Filosofia e Música - Música e Filosofia.

Carol Gomes