Navegar sempre foi preciso para compreender que viver só não era preciso na medida em que me regrasse nos ditames dos clichês.
Ora, com 20 poucos anos fui compreendendo que o interior tem veredas espinhosas, sertões escaldantes e que só sobreviveria rompendo as cercas rumo às capitais. das tantas partidas, SP não foi pouso alongado, sempre visitas de beija-flor, mas hojes, tão despretensiosamente senti meus interiores por cá vibrarem.
Em pleno Parque Minhocão, um viaduto, puro concreto, ladeado por prédios que sem arranhar os céus, roçam o asfalto intimamente e que traz numa das pontas o Copan, o Edifício Itália, o Hilton Hotel e o prédio do Banespa com sua torre, ouvi um amor amante diante dos olhos dito com palavras leves e soltas: "Amo SP, existe amor em SP".
A despeito do que sinto por SP, no exato momento que presenciei meu amigo afirmar seu amor por essa cidade tão estranhamente cidade, amei sem precedentes a capital urbanamente elegante. segundos depois, ainda aérea, comecei a compreender que amei não a cidade SP, e sim o amor do meu amigo por sua amante SP.
Não há cidade que seja feia e ruim quando amada e admirada por seus pares.
lá estava portando uma composição esteticamente arrebatadora: um paulistano, um viaduto, muitos prédios e um amor... assim, concluí que essa era de fato a primeira vez que estive em SP.
São Paulo SP, 17 de Fevereiro de 2016 - Bairro Santa Cecília
Carol Gomes