16 de março de 2010

Cavalgada dos olhos

A pergunta é inevitável: Por que essa página? Alimenta-se ou não os acasos da existência?

Muito já se falou das páginas literárias como remédios da alma... mais uma para os olhos ressecados...


Reflexões sobre a Via

Cavalgando três dia e três noites ele chegou ao lugar, mas decidiu que ao lugar não se podia chegar.

Parou, pois, para pensar.

Este deve ser o lugar. Se cheguei a ele, então não tenho importância.

Ou pode não ser este o lugar. Não há, pois, importância, mas eu próprio não sou diminuído.

Ou pode ser este o lugar. Mas talvez eu não tenha chegado a ele. Posso ter estado sempre aqui.

Ou ninguém está aqui, e eu simplesmente sou do lugar e nele estou. E ninguém pode chegar a ele.

Talvez este não seja o lugar. Eu tenho, pois, um propósito. Sou importante, mas não cheguei a ele.

Mas este deve ser o lugar. E como não posso chegar a ele, eu não sou, não estou aqui, aqui não é aqui.

Após cavalgar três dias e três noites ele não chegou ao lugar, e tornou a afastar-se cavalgando.

Dar-se-ia que o lugar não o conhecesse, ou não o encontrasse? Não era ele capaz?

Na história só se diz que se deve chegar ao lugar.

Cavalgando três dias e três noites ele chegou ao lugar, mas decidiu que ao lugar não se podia chegar.
(Harold Bloom em A Angústia da Influência: Uma Teoria da Poesia)


Pergunta: Quem é ele e onde é o lugar?