Cavalgada dos olhos
A pergunta é inevitável: Por que essa página? Alimenta-se ou não os acasos da existência?
Muito já se falou das páginas literárias como remédios da alma... mais uma para os olhos ressecados...
Reflexões sobre a Via
Cavalgando três dia e três noites ele chegou ao lugar, mas decidiu que ao lugar não se podia chegar.
Parou, pois, para pensar.
Este deve ser o lugar. Se cheguei a ele, então não tenho importância.
Ou pode não ser este o lugar. Não há, pois, importância, mas eu próprio não sou diminuído.
Ou pode ser este o lugar. Mas talvez eu não tenha chegado a ele. Posso ter estado sempre aqui.
Ou ninguém está aqui, e eu simplesmente sou do lugar e nele estou. E ninguém pode chegar a ele.
Talvez este não seja o lugar. Eu tenho, pois, um propósito. Sou importante, mas não cheguei a ele.
Mas este deve ser o lugar. E como não posso chegar a ele, eu não sou, não estou aqui, aqui não é aqui.
Após cavalgar três dias e três noites ele não chegou ao lugar, e tornou a afastar-se cavalgando.
Dar-se-ia que o lugar não o conhecesse, ou não o encontrasse? Não era ele capaz?
Na história só se diz que se deve chegar ao lugar.
Cavalgando três dias e três noites ele chegou ao lugar, mas decidiu que ao lugar não se podia chegar.
(Harold Bloom em A Angústia da Influência: Uma Teoria da Poesia)
Pergunta: Quem é ele e onde é o lugar?