20 de junho de 2016

a lua passa, a gente passa com ela... na rodovia tudo passa, das terras aos céus

tempo para nada, trabalha mais que formiga, mas vai lá, hoje o outono partiu e o inverno chegou, trazendo a estação dos leoninos e das luas cheias amarelas.

por sinal, andante na BR365 hoje quando do encontro do que estava indo (o outono) com o que estava vindo (o inverno), presenciei a lua cheia, a lua cheia desse entre outono-inverno, e de fato foi um portal tão soluçante que encostei o andante três vezes na beira da rodovia para tentar fotografar, mas sorrateiramente, impetuosamente, a lua não se deixou fotografar. Diversos fatores impossibilitaram, um conjunto, um misto afirmativo pelo não-fotografar, do equipamento impróprio, passando pela pouca luz natural à distância espacial entre chão e céu.

nessa hora veio à mente duas produções artísticas: uma literária do Murilo Rubião com sua "Bárbara" e a lua; e outra, poesia musicada do Nelson Cavaquinho com sua "A flor e o espinho".

dizia-me portanto hoje a lua, num diálogo tão próximo que se distanciava quanto mais eu acelerava para alcançar uma tríade ficcional: a lua, a estrada e eu.

Murilo colocou Bárbara fixada na lua e o Nelson me dizia que o Sol não podia viver perto da Lua... entendi tudo, a lua de hoje era amarela como um sol e portanto era portal porque era passagem sem jamais o ser, quanto mais eu desejasse a lua, menos próxima dela eu estaria... vai entender: sol e lua.

reflexões de uma 365 no cerrado mineiro!

Parte II
sabia que tinha um trem ontem. Sabia nada, moço! O dia foi mais curto porque o sol quis ficar de namorico com a lua que reinou magistralmente noite a dentro. Foi solstício de inverno. A lua ficou amarela porque o sol estava à espreita, corria atrás e não alcançava, igual cachorro pequeno quando vê cadela grande no cio, tadinhos, dela e dele.
o fato é que nessa labuta do sol pela lua, abriu-se um portal... quem estava adiante?! O inverno. Justamente. Esse que dizem trazer os casulos, as reflexões, os diálogos para dentro.

Enquanto o sol ficava de namorico com a lua, os fluxos passavam, aí estavam os tempos das mudanças, das aberturas e dos encontros.

Autoajuda?! Que nada, tem metáfora nenhuma nisso e nem calmante para desacelerar, é a vida mesma tecendo existência, objetivamente, sem demoras e sem pressas... num tempo que sei lá qual, só sei que o dia e a noite de ontem foram portais. Passando era mudança, atravessando é agora casulo. Ui!


carol gomes

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