12 de junho de 2011

Escrevedura alheia...

Tenho encanto por blog. Vagueio horas e horas e mais horas lendo os quase nada e semelhantes blogs.

É blog de tudo quanto é assunto. Adoro blog de adolescente com veias-escreventes. Adolescente se pergunta com tamanha sinceridade que gargalho sozinha como se tivesse escutando uma ótima piada aos goles de uma caipirinha horrenda. A pergunta sincera do adolescente para ele mesmo: Por que tenho vontade gigante de escrever sobre o que me atormenta os pensamentos?

Essa pergunta foi ótima. Sim, é adolescente. E é porque adolescente quem fica a martelar no pensamento 'mor' um outro pequeno pensamento. Óbvio, na adolescência não se pensa na semana de trabalho quando o sábado está começando. Na adolescência não se pergunta na terça-feira no início da manhã quais os afazeres da quinta... enfim, um tanto de planejamento sem pé nem cabeça que desloca a pergunta adolescente.

Os blogs constituem um universo misturado movente. Nos escritos blogueiros encontra-se o autor lutando arduamente para se esconder atrás da terceira pessoa ou na primeira do plural. Acho isso magnífico. A visibilidade disfarçada.

Nos blogs transbordam questionamentos, transbordam vivências confusas... fala-se para todos na esperança de ser lido mas não ridicularizado. Uma mistura louca e sedutora. Basta o blogueiro começar questionando a auto-afirmação dos frequentadores de redes sociais para eu me prender na leitura. Ah!!! Que blogueiro não quer se lido?! Ixe, um monte... tem cada blog sinistro que causa medo até de clicar nas postagens.

Os piores blogs geralmente são de jornalistas e políticos, ao menos para mim. São assuntos pautados pela plim plim ou pela fotocópia do bispo (que já nem sei mais quando a TV está no canal de uma ou de outra). Apesar de que nos blogs os jornalistas permitem, 'minguadamente', frases sarcásticas a eles próprios. Blog de político é aquela coisa, tentativa de colocar na escrita o besteirol do discurso falado em palanque. Um riacho para o pessoal que adora analisar estrutura de falas nadar de braçada, pode nadar tanto que afoga.

Hoje mastiguei dois blogs, sendo de uma blogueira com 20 anos e um blogueiro com 16 anos. Assumo, fiquei 'estupefadamente' maravilhada com a escrevedura. Fui surpreendida com as palavras que construíram tão arquitetonicamente imagens nada plasmadas de palavras em fumaça. Sim, lia e na mente imagens com letras fumadas. Como? Não sei... mas foi assim durante a leitura. Certamente por isso meu prendimento no blog.

Na continuação da leitura chorei. Chorei encantada. As palavras desenharam uma paixão pura. Sei lá o que é paixão pura e nem se isso existe, mas na escrita do blogueiro existiu. Esse mesmo se questionou se sabia o que fazer. Ora, sem exitar fechou na brevidade de 'acho que não... acho melhor ir ver'. Um aprendizado que me custou páginas e mais páginas. Aprender fazendo... de que há experiências que ninguém pode viver para o outro, apenas o outro pode viver por ele mesmo.

No fim da tarde, quando a mente já ia cansada de remendar a colcha de blogs, sosseguei ao aceitar que o blog é um reunido de cartas não enviadas, embora desejadas...

No anonimato da leitura, na figura de leitor desconhecido é possível construir o autor desinteressadamente. Pouco importa se o autor é conhecedor de regras da escrita literária, se analisa seu discurso. O autor se mostra personagem desconhecido do também desconhecido leitor. Um universo de desconhecidos desconhecimentos. Veja que maravilha. A blogueira de 20 anos que numa das suas postagens tinha 18 anos, nem desconfia que li suas palavras e a partir delas também bloguei. O jovem de 16 anos, desconhecerá as lágrimas que suas palavras tiraram de mim ao apontar a vivência como conhecimento; e aliás, talvez ele nem tenha disposição para cogitar essas minhas especulações. Taí a magnificência do processo. Somos desconhecidos que não conheceremos, embora nos atravessamos.

A magia do viver... a magia do navegar...

Carol Gomes

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