31 de maio de 2011

[...]
Compreender com Gilles Deleuze significa desentender-se.
Pelo corpo que ele traça,
o desenho de seu pensamento escapa à vala comum dos sistemas,
transpassa com sua visão de inseto sensível
todas as ficções, todas facções,
simultaneamente.
Vasta rede no interior da qual circula a eletricidade dos sentidos.
Homem-mosca ou aranha sagrada,
semelhante sem semelhante.
A cena barroquizante de sua escrita contrátil, tátil transmuta todos os ares
para vir devorar o sonho da crisálida
e ser assim por rapto o olho-idéia móbile que se movimenta em contraponto
em diferentes linhas de fuga e de ataque,
instantaneamente.
Deleuze,
filósofo-criador,
criador e filósofo,
fez do cinema um meio de investir o sentido da superfície
contrariando a profundidade clássica da filosofia.
Cineasta radical, ele é o homem dos olhos de raio-x
do cinema dos circuitos conexões disjunções agenciamentos
em curto-circuitos cerebrais.
[...]
BRESSANCE, Julio. Cinema Deleuze. In: Gilles Deleuze: uma vida filosófica. Org. Éric Alliez. Coordenação da tradução de Ana Lúcia de Oliveira. São Paulo: Ed. 34, 2000. p. 545-548.

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