14 de abril de 2017

bordas flutuantes entre o cosmo e o interno

nas capitais as gírias me incomodam. nos interiores os regionalismos me assustam.
nas capitais as pessoas se comem, me repulsa. nos interiores se devoram, me sufocam.
nas capitais o tempo voa me faltando. no interior ele dilata me transbordando.
no cosmopolitismo a diversidade me diminui enquanto exalta o outro. no interior a tradição me anula diante do poderio dos costumes.
nas cidade grande as edificações me engolem. na cidade pequena elas se mostram mas não me convidam.
nas capitais por onde andei a comida era farta e tantos eram os caminhos que me emagreciam. nos interiores eram certas as culinárias, embora se faziam segredos familiares que não os meus.
de tudo aos meus limites serei atenta, embora e certa de que os zelos a mim escapam tanto quanto os espaços que me limitam.

(divagações de um almoço em Villejuif, 14/avril/17)

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