29 de março de 2014

Vão se dezenas de sábados em 7 na lista das artes, que olho para o coreto que nos tempos de criança muito agitada tinha por única utilidade: fazer xixi; isso, o coreto só servia no meu universo para fazer xixi, e com muita diversão porque achava espetacular a privada ser um buraco no chão com porcelanato branco nas bordas.

Ironias à revelia, nos hoje insisto em colocar no lugar dos banheiros do coreto interditados há anos, estantes de uma livraria.

O coreto, em atualidade, não sabe o que é vida, a Prefeitura o rogou estátua faz tempo. Fica lá, coitado, na praça, isolado, silenciado, congelado e com a mesma roupa amarela pálida.

A gente passa, senta, olha, pensa, fala e continua a vida com aquele concreto estendido no meio dos dias e das noites. Uma vez e outra, nos sábados de cine clube, me pergunto pela maestria intelectualmente nada virtuosa dos homens públicos em matar a vida, seja como ela for, em carne ou em concreto.

foto: carol gomes - uberlândia mg - praça clarimundo carneiro
texto de mar 2014, foto de janeiro 2016

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