11 de dezembro de 2011

Dos passeios pelas páginas usadas, rabiscadas e deixadas a outrem em quadrantes paulistanos

De certo que me habituei buscar pelo mais moço, Rimbaud. Tanto mais pelo fervor de uma escrita apaixonada e entregue sem culpa ao fogo expressivo do fluxo. Mas não, noutro dia me encantei pela maturidade do movimento potente das palavras do mais velho, Verlaine. Doce como falou, colocou-se nas águas de um rio; qualquer ao meu desconhecimento nada parisiense.

Senti no impulso, palavras de tantas mortes que jogamos gratuitamente aos fluxos, não apenas para que levem e se deem ao esquecimento, muito antes, para que o fluxo as misture, as ‘trans’ em outras tantas alheias também jogadas entre dispersões luzentes.

Mesmo dada ao ‘sem rumo’, triste me chegaram palavras do não possível, que na tremura vibrante do material, necessitei recompor-me do tropeço da solidão que já há alguns dias me desejava. Nessa, Verlaine me acompanhou em minutos, não terapêuticos, embora também assim, compondo-se em re-alumiações de um passeio.

O moço de traços charmosos deu-me seu colóquio de sentimentos, que dele me despedi, salivante, interrompida pelo amargo sentido prático dos contados contabilizados pelas páginas.

Cadenciada que não fracassei. Busquei um café. Um café a Verlaine; retribuição pela leveza da apresentação, iminentemente encontrada nos não sentidos lógicos de uma mente que aguardava... aguardava o tempo que claramente não passava porque em fonte, o desejo era mesmo de que não passasse.

Dias atravessados, provoco o encontro do cello de Raiff Dantas Barreto (suavidade discreta e singular, para não dizer inesquecível) com Verlaine, recobertos pelo choro alegre de Chopin e a marcação-marcante de Mignone... no mero e 'acasado' desinteresse.

Carol Gomes

Chopin: Sonata para cello e piano, III-largo




Mignone: Macunaíma "A valsa sem caráter"


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