6 de maio de 2009

A questão poder-se-ia ser ou estar assim.
Na mesa, que não era de um bar e sim de uma sala, o colega de um lado e eu do outro, olhávamos e simultaneamente, apesar de olhos humanos, aparentemente natureza iguais, um ampliava num brilho, e outro esquivava-se talvez numa fresta... eis a questão. O brilho ansiava pelo coletivo, quem sabe numa estrutura que se nomeava recorrentemente 'projeto'. O esquivado relutava por apontar a fresta não nítida, porém insinuante...
O que era o projeto? Não sei, não era meu interesse. Confesso que ouvi e entendi não muito entusiasmada pela compreensão.
O que era a fresta? Confesso que também não sei. Essa porém julgo compreender, porém não entender. Essa se mostra para não ser vista. Essa é movimento silencioso, só pode.
Ao fim dos olhares e gestos seguidos de sons fonéticos viro-me para a porta e saio com a Alzira no pensamento... dançante, louca, pulando, gritando, sorrindo, voando...
Sabe por quê?
Porque por hoje(s) não quero me importar com os projetos e estruturas outras.
Porque por hoje-amanhã abro a porta para uma tal sedução desconhecida, cujo projeto é desprojetar...
Por hoje meu projeto se vê mais que contemplado nos projetos 'alzerianos'... referenciar-te Alzira e assim conhecer-te...

Alzira bebendo vodka defronte da Torre Malakof
descobre que o chão do Recife afunda um milímetro a cada gole
Alzira na Rua do Hospício, no meio do asfalto, fez um jardim
Em que Paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
...
Alzira virada pra Lua, rezando na Igreja de São Ninguém
Se o mundo for só de mentira, só ela acredita que existe além
Que existe outra natureza que venha ocupar o lugar do fim
Em que Paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
...
É, Alzira zerou seu futuro se escondeu no escuro do furacão
Se a gente vê só alegria ela antevia a revolução
O mar derrubando o dique, ivadindo a cidade enfim
Em que Paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?

ALZIRA E A TORRE
(Lenine e Lula Queiroga)

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