8 de novembro de 2009

Sentir o Samba ao Res-sentí-lo

Um dia entrei por acidente num anfiteatro onde acontecia a palestra cujo tema era Ressentimento, atividade proposta por um projeto chamado Diálogos freudianos. Das palavras do convidado o que primeiro chegou aos meus ignorantes ouvidos foram: "O samba canta o ressentimento". Pronto! Isso se bem lembro na metade de 2007, num momento em que Cartola, Clara Nunes, Clementina de Jesus e Noel pairavam como autênticos intérpretes dos meus dias. Logo me lancei aos questionamentos ao conflitar o provável cantar ressentido do samba com versos singulares de tantos compositores das cuícas.

Fui consultar o Houaiss que me deu Ressentimento como mágoa que se guarda de uma ofensa ou de um mal que se recebeu; rancor; ofender-se, magoar-se, melindrar-se.

Ora, será que o samba canta o ressentimento? Não me soou muito bem essa sentença, no entanto até hoje paira na mente essas palavras... Titubiei na proposição de que o samba antes de ressentido seja desbravador de uma realidade não facilmente dada, tampouco de acesso automático.

Numa cortina singela faço meus recortes na tentativa de compreender o quão o samba revela realidade outra muito anterior ao ressentimento, para não dizer, indiferente.

A começar por Dona Inah elevando letra de Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro, Olha Quem Chega:

Olha quem chega
Que grata surpresa
Aceite a minha mesa, a minha cama, o meu amor
Que seja aceito você que me abandonou
Entra que é tarde e fica à vontade
Meu samba de saudades veio dar as boas vindas
Perguntar pelas novidades
Guarde seus panos aqui e os desenganos em qualquer lugar
O perdão que você vai pedir
Não peça não que ele está onde eu sempre estou
Poeta não sabe guardar dissabor


A chamada Poeta não sabe guardar dissabor me aparece numa tamanha delicadeza que aos corações ressentidos seria uma gerra com derrota já declarada. Claro que a partida ‘talvez’ seja sim desilusões humanas, amores falidos ou não correspondidos, mas não poderia o samba além de remoer o sentimento, vivê-lo em abundância na expressão dos versos? Na batucada mole de cada palavra?

Lembro Rilke em Cartas a um Jovem Poeta na 1ª carta de 1903 atentar de que ao poeta ‘só existe um caminho: penetrar em si mesmo e procurar a necessidade que o faz escrever’ e ainda ‘aproximar-se então da natureza. Depois procurar, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde’. Ora, se o poeta do samba não guarda dissabor e abre as portas a quem não seria devido o perdão, certamente é porque retoma com diferença necessária, o começo, mostrando que do amor perdido retira-se um outro amor, e talvez, ouso, amadurecido, experimentado desde antes.

Rilke na mesma carta adverte o poeta de que ‘se o quotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas’, e assim se vê novamente nas palavras lacrimejadas do sambista ao arrancar da rotina paulistana a certeza de ser um diferente entre milhões de iguais da grande capital. Vai mais um recorte na costura da cortina novamente com Dona Inah cantando Eduardo Gudin e Paulo Vanzolini, Longe de Casa:

Longe de casa eu choro e não quero nada
Pois fora do chão ninguém quer e não pode nada
Sinto falta de São Paulo
De escutar na madrugada
Uns bordões de violões
E uma flauta a chorar prata
Dor de amor não me magoa
A saudade da garoa é que me mata
E eu saio pra rua
Assobiando comprido
Um samba comovido
Que Sivio Caldas cantasse
E me iludo que a garoa
Vem molhar a minha face

Será o choro do poeta só dele? Ah, como me lembro ao sair da terra aos pulos de alegria por me permitir voar pela abertura do mundo, no entanto ‘passados tempos’ uma voz interna começava a gritar e pedir os nossos, o calor do chão já conhecido. É assim que a voz do poeta acessa um espaço que só a ele é possível, só ele visualiza e sintetiza múltiplas individualidades, aqui ilustrado no samba. E como não poderia deixar de  fora, o recorte brilhante dos versos de Vicente Barreto e Paulo César Pinheiro em Na Volta que o Mundo Dá, que por sinal faz-se vibrante na voz de Mônica Salmaso:

Um dia eu senti um desejo profundo
De me aventurar nesse mundo
Pra ver onde o mundo vai dar
Saí do meu canto na beira do rio
E fui prum convés de navio
Seguindo pros rumos do mar
Pisei muito porto de língua estrangeira
Amei muita moça solteira
Fiz muita cantiga por lá
Varei cordilheira, geleira e deserto
O mundo pra mim ficou perto
E a terra parou de rodar

Com o tempo f
oi dando uma coisa em meu peito
Um aperto difícil da gente explicar
Saudade, não sei bem de quê
Tristeza, não sei bem por que
Vontade até sem querer de chorar
Angústia de não se entender
Um tédio que a gente nem crê
Anseio de tudo esquecer e voltar
Juntei os meus troços num saco de pano
Telegrafei pro meu mano
Dizendo que ia chegar
Agora aprendi por que o mundo dá volta
Quanto mais a gente se solta
Mais fica no mesmo lugar

Para manter o bloco de recortes em Eduardo Gudin retomo na voz da Dona Inah o samba do Velho Ateu. Vejamos como o poeta sintetiza a caduca discussão da superioridade divina e as maleficências mundanas, principalmente as atrocidades sociais e a pretensa igualdade iluminista. Se tantos filósofos propuseram tratados da superioridade divina, o poeta sambista coloca na pessoa de um bêbado o mesmo questionamento, por ironia ou não, caiu maravilhosamente na expressão familiar a tantas pessoas que se fazem igual questão:

Um velho ateu
Um bêbado, cantor, poeta
Na madrugada cantava essa canção-seresta
Se eu fosse deus
A vida bem que melhorava
Se eu fosse deus
Daria aos que não têm nada
E toda janela fechava
Pros versos que aquele poeta cantava
Talvez por medo das palavras
De um velho de mãos desarmadas

Pois bem, o ressentimento parece tomar um lado particularizado, talvez um movimento interno do indivíduo, e assim sendo não compreendo que o samba seja ressentido ou cante o ressentimento. Ora, o samba mostra-se anterior e simultaneamente além do ressentimento, pois das desilusões, das angústias, o samba abre frestas no escuro. Que essa abertura seja exaurir o sentimento, repetí-lo no batuque inúmeras vezes, de modo que a repetição proporcione um novo, um novo a partir da vibração de que o batuque se faz... aquela vibração da cuíca que levanta qualquer alma, que eleva a vôos sem possível mensuração de prazer. 


Clara Nunes, claridade total e sem igual ao evocar Tristeza Pé no Chão de Armando Fernandes:

Dei um aperto de saudade
No meu tamborim
Molhei o pano da cuíca
Com as minhas lágrimas
Dei meu tempo de espera
Para a marcação e cantei
A minha vida na avenida sem empolgação
...
Fiz o estandarte com as minhas mágoas
Usei como destaque a tua falsidade
Do nosso desacerto fiz meu samba enredo
Do velho som do minha surda dividi meus versos
...
Nas platinelas do pandeiro coloquei surdina
Marquei o último ensaio em qualquer esquina
Manchei o verde esperança da nossa bandeira
Marquei o dia do desfile para quarta-feira
Vai manter a tradição

Vai meu bloco tristeza e pé no chão

Como linha para costurar os recortes e ampliar a perspectiva do samba como cantador de ressentimento, retomo além de Rilke, o filósofo Gilles Deleuze ao falar de estética da existência presente no pensamento de Foucault. Para Deleuze a noção de estética da existência implica noções éticas e estéticas já que ‘o estilo, num grande escritor, é sempre também um estilo de vida, de nenhum modo algo pessoal, mas a invenção de uma possibilidade de vida, de um modo de existência’, assim, tomando o que o filósofo chama de grande escritor por poeta/sambista, o samba se configura não apenas como expressão de angústia, ressentimento, além, a disponibilização de uma nova vida, estando essa no espaço da possibilidade ou não. Ora, o que se tenta ampliar é a noção de que o samba se faz grande obra, justamente, por mergulhar num âmago, num espaço que o eleva sobretudo dos aspectos pessoais da criação artística, nesse sentido do próprio ressentimento.

Novamente Dona Inah fissura numa canção cujo nome é familiar, Ressentimento. Composição de José Eduardo Rennó e Heron Coelho:

Cansei de falar desse jeito enroscado
E num samba canção dolorido
Vou dizer o que tenho vivido
Por pensar tanto assim em você
Eu sei perdoar mesmo quando traído
Ninguém samba estou decidido
A dizer o que tenho passado
Por pensar tanto assim em você
É sempre nosso parente que sai pela porta
Nossa semente de mangueira morta
E os indigentes que sem coração
Ressentem e dizem frases de beleza torta
De parceria com quem pela porta
Tráz melodia de samba canção

Pronto, aí está um samba que canta o ressentimento. Pergunta: esse samba canta o ressentimento ou exaure o ressentimento? O que me parece é que no casamento com as notas sentidas na audição, a dor transborda letra a letra a originar uma percepção nova, novidade esta que implica a compreensão do que seja beleza torta. Eis que aí parece que estaria o poeta lançando vida nova, trazendo na pressão do ritmo, uma imagem de beleza torta, talvez beleza que escorra da dor como pureza de sentimento.

O que seja a palavra Ressentimento que não a repetição do sentimento. Re- prefixo do latim cujo significado expressa retorno. Nesse sentido, com auxilio do samba cantado por Dona Inah podemos sim compreender o samba como cantador de ressentimento, pois o samba assim estaria repetindo o sentimento de modo a encontrar o novo, repetir noutro tom.

É com Dona Inah que fecho o conjunto de recortes na cantoria do Samba de Mágoas de Eduardo Gudin:

Depois eu vi q
ue não podia mais ficar assim
Feliz demais
Sem perceber que era enganador
Crescia dores por detrás do amor
Quebrando o vaso de jasmin
Anunciando a toque de clarim
Tempo ruim e isolador
Depois eu vi
Não era tanto para desesperar
Depois senti
Ao coração de novo apaixonar
Mesmo que seja para depois sofrer
Agora é hora de cantar
O samba novo jeito popular
De desaguar ou padecer
Sem se arrepender
Olhando a vida sem olhar para trás
Dizendo tudo o que a gente quer dizer
No samba de mágoa que a mágoa se desfaz

Eis que me parece uma das grandiosidades do samba, re-sentir para novo sentir, nas palavras do poeta/sambista de No samba de mágoa que a mágoa se desfaz. Aqui parece que a cortina se harmoniza ao tomar o ressentimento não como fim do samba, mas como meio para uma tal missão que talvez nem mesmo os maiores poetas do samba saibam qual seja, pois tanto em Rilke como em Deleuze a arte parece, aqui no toque do samba (canção), esse movimento necessário e tão desconhecido que revela realidades inacessíveis aos olhares desantentos.

Assim, um desconhecido possuidor, presente no ecoar do samba, seja para além de ressentir a disponibilização de uma nova vida, uma rasgadura no sentir...

Para tanto continuemos a ressentir tantos sambas maravilhosos... sambas que nos lançam em centésimos de segundos a tantos outros mundos desconhecidos, reveladores não apenas os que sejam porventura exteriores, mas ainda, por se fazerem desconhecidos de nós mesmos alocados em espaços interiores.
Carol Gomes

7 comentários:

  1. Apenas como uma ilustração, segue-se um verso cantado pela jovem Roberta Sá:

    "Agora é hora de vibrar
    Mais um romance tem remédio
    Vou viajar lá longe tem
    O coração de mais alguém."

    Nesse simples verso podemos retirar a idéia de que, o fato de o romance ter remédio, remete-se a idéia imaginária de que este tenha sido repensado como sentimento, embora romance não seja um sentimento, a idéia de inovação não deixa de existir e a imaginação de romance ser tratado aqui como um sentimento ressentido coube a mim pelo fato de que talvez o samba esteja realmente além do ressentimento, fazendo assim com que traçemos idéias inovadas a partir de suas letras...

    Trata-se apenas de uma interpretação particular após fazer uma leitura dos recortes acima pautados de comentários instigantes quanto a questão tratada, pois de samba entendo apenas sua melodia e diante da investigação a qual estou comentando, surgiu em mim um desejo de entender sua letra. Agora se realmente a proposta do samba venha a ser cantar o ressentimento, não me preocupa muito o fato de que a partida para que se estremeça os tambores venha de uma digamos "desilusão humana", visto que, esta ganhará não apenas uma REcomposição, mas também um DO, MI ,FA, SOL, LÁ... e assim em versos livres o RE reestabelecerá um REtorno plausível ao contexto cuicamente agradável quando REssoar aos tantos ouvidos.

    Abraços!

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  2. Adorei este teu texto! Está muito interessante a análise que fazes dos vários exemplos de samba que aqui nos deixaste e as referências a Rilke e Deleuze (que tanto gostas), neste "ensaio sambista" (rsss).
    Não querendo cair num lugar comum, mas correndo o risco de o fazer, deixo aqui um samba do eterno Vinicius para o qual fui várias vezes remetida durante a leitura deste teu texto:

    Samba da Bênção

    É melhor ser alegre que ser triste
    Alegria é a melhor coisa que existe
    É assim como a luz no coração

    Mas pra fazer um samba com beleza
    É preciso um bocado de tristeza
    É preciso um bocado de tristreza
    Senão, não se faz um samba não

    Fazer samba não é contar piada
    E quem faz samba assim não é de nada
    O bom samba é uma forma de oração

    Porque o samba é a tristeza que balança
    E a tristeza tem sempre uma esperança
    A tristeza tem sempre uma esperança
    De um dia não ser mais triste não

    Ponha um pouco de amor numa cadência
    E vais ver que ninguém no mundo vence
    A beleza que tem um samba, não

    Porque o samba nasceu lá na Bahia
    E se hoje ele é branco na poesia
    Se hoje ele é branco na poesia
    Ele é negro demais no coração

    Bjos,
    Carol

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  3. ‘Anônimo disse...’, muito legal essa tomada da ‘desilusão humana’ em DO, MI, FA, SOL, LÁ, tenho apreço por ‘REcomposições’, o movimento de retorno do prefixo RE é sem dúvida um terreno embebidamente sedutor, tanto porque me parece que nos permite pensar a vida nela mesma e por ela mesma. Fiquei a pensar no que disse do romance como ‘idéia imaginária que tenha sido repensado como sentimento’. Talvez eu não tenha conseguido acompanhar seu apontamento, no entanto me parece que o samba além de lançar essa provável idéia imaginária ainda a vive com tamanha plenitude que talvez desconstrua o que se pode tomar por imaginário e re-aloca o que seria imaginário no universo real do que tomamos por vida. Enfim, ao que me parece cada palavra esticada no batuque talvez não seja tão e somente parte de um conjunto romanesco/poético, ainda seja matéria própria do vivível (para não deixar de trilhar com Deleuze)... meio que sentir o ressentimento o vivendo, viver cada palavra sentida não apenas em prováveis projeções, além visualizar nas palavras batucadas tantas verdades emaranhadas no soar de cada nota, verdades essas que não partem do processo imagético, mas que se nos aparecem, verdades que nos encontram porque estaríamos a vivê-las...
    Muito legal o diálogo...
    Carol Gomes

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  4. Carol, por que o receio de cair no lugar comum? (rsss), talvez todo e qualquer lugar seja comum, quem sabe o que não se faz comum seria justamente a tal REcomposição citada pelo amigo anônimo...
    Caramba, veja como o poeta rasga as palavras e mostra invisibilidades: ‘a beleza que tem um samba’... puxa, de fato, talvez não seja o samba que tenha a beleza, mas pode ser ainda que a beleza tenha um samba ou o samba. Muito boa essa Carol... Agora insuperável a última estrofe, como atrás de uma coloração pode haver outra tão diversa, ou ainda, como por entre o branco do não-escravizado possa haver a própria escravidão, como num samba alegre possa haver, e me parece que há, tamanha escravidão de alguns sentimentos.
    Muito legal... obrigada pelo comentário ‘nada comum’...rssss
    Carol Gomes

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  5. Continuando o diálogo...

    Talvez o apontamento da idéia imaginária de romance ter remédio, remete-se ao pensamento de que podemos identificar o romance como algo verdadeiro em si e o remédio como sendo os tantos sentimentos atribuídos a este, logo fiquei a pensar em uma possibilidade humana de que tenhamos uma via verdadeira e outra imaginária em tudo o que fazemos ou pensamos, não que esta suposta via imaginária seja apenas um mundo fantasiado por nós, mas sim algo que vai e vem e sempre fixa ao nosso sentimento de verdade, daí dizer que, o ressentido possa ser um "sentimento imaginário" que vai e volta sempre ao que lhe é real ou em outros termos, volta sempre medicado e REnovado mas que sempre irá voltar em si ou na sua via de verdade...bom é outra análise particular feita a partir da sua colocação!

    Fiquei a imaginar também que, o "nada comum" esteja de certa forma ligado a essa via imaginária da verdade. Assim ao trazer a tona como exemplo um verso do recorte feito acima pela sua pessoa, pude ficar mais perto do que me propus a pensar, ou seja, de que o "nada comum" é como uma via imaginária que vai e volta sempre renovada sem que esta saia do lugar...(creio que isso deverá soar um tanto quanto complexo aos ouvidos alheios rsss, mas ainda é um caso a pensar rsss)...

    O seguinte verso do recorte que me instigou a tanto é:

    "Agora aprendi por que o mundo dá volta
    Quanto mais a gente se solta
    Mais fica no mesmo lugar"

    Espero que eu não tenha viajado demais quanto as minhas colocações, e se as fiz complexas é porque talvez o assunto não seja nada comum rsss!

    Abraços!

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  6. Caro ‘anônimo disse...’, confesso que muito estou gostando dos seus comentários de almoço, muito legal e sem dúvida ampliador.
    Dos seus comentários confirmei que longe estou de tamanha maestria para com as letras, no entanto, como disciplinada ignorante, ouso na pergunta: Haveria desaprovações para via imaginária como um mundo fantasiado por nós? Sabes que esse seu ‘sutil’, assim julgo, adendo à fantasia me faz lembrar da crítica ‘nada sutil’ da Hannah Arendt na introdução de ‘Entre o Passado e o Futuro’ em referência às obras que porventura entrelaçam-se à fantasia num lançamento, segundo ela, fugitivo da realidade. Apenas fico a me perguntar sobre o status dessa tal realidade que é apresentada, tanto pela filósofa judia, quanto pelo elevado comentário do ‘anônimo disse...’. Assim, acho que você (e gosto da impessoalidade, pois remete à própria incondicionalidade histórica, principalmente a sexista) nos permite explorar o termo ‘real’ ... o que sois, o que seja! A ti confesso que o termo real me parece não muito distante de ‘um mundo fantasiado’.
    À luz do que fizeste questão de suspender “Quanto mais a gente se solta, mais fica no mesmo lugar” pergunto, posto que não consegui acompanhar seu ritmo, o que vislumbra por ‘via imaginária da verdade’, tanto pelo ‘via’, quanto pelo ‘imaginária’, e ainda pelo ‘verdade’, pois me parece que pode não existir via (caminho, veredas) para a verdade, ou ainda, me parece que a própria verdade ora se traveste de imaginária, ou quem sabe, é travestida. Assim me parece pelo próprio trecho que foi destacado...
    Se espera que não tenha viajado nas colocações, confesso que espero o contrário, pois quanto mais me permito nas viagens, mais percebo que a realidade fica familiar ou mais verdadeira.
    Valeu pela disposição dos comentários,
    Abraço.
    Carol

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  7. Para finalizar os comentários de almoço...


    A começar dizendo que não haveria de forma alguma desaprovações para um mundo imaginário fantasiado por nós, pois entendo que essa via fantasiada seja um aspecto da via imaginária da verdade pela qual chegamos ao tal mundo imagético.

    Outro ponto que devo ressaltar é o da atribuição da palavra "via" como parte integrante do conceito estabelecido por mim. Ao utilizar esta palavra confesso não ter levado em consideração o seu valor semântico, posto que, a utilizei por ter advindo de um impulso do pensamento quando escrevia sobre o assunto, interessante que, mesmo assim ela se encaixou perfeitamente no que me propus a dizer, de tal forma que esta deva expressar realmente como um caminho para se chegar a tal...


    Bom, ao seguinte questionamento "o que vislumbro por via imaginária da verdade" respondo que:


    Acho que o próprio conceito já deixa uma via para tal entendimento, ou seja, o de compreender a verdade pela imaginação. De certa forma cabe ressaltar alguns pontos sobre esse conceito que talvez venha a ser absurdo posto que este passou a existir no "clarão" de uma imaginação(rsss)


    Entendo que, toda vez que imaginamos algo ou um mundo possível, temos em mente uma vontade de descobrir o "real" desse mundo, logo sua verdade. Assim ao passo que meu pensamento se volta para esse suposto contexto, minha mente trabalha a tentar desvendar as verdades possíveis imaginadas por mim durante essa minha "viagem". A palavra "mente" aqui utilizada estende-se também à palavra "alma". Assim entendo que, são nessas viagens que realmente queremos uma verdade de tudo ou simplesmente do próprio contexto imaginado. O que percebo é que a imaginação embora pareça inédita ou fantástica, acredito que ela já apresente uma verdade intrínseca, ou seja, que a imaginação é atrelada a verdade em todos os contextos, daí eu dizer que estabeleci uma idéia do que seja real em um contexto imaginado por mim sem me dar conta que a verdade desse real já se apresentou no momento em que me propus a imaginar, como se esta caminhasse junto a imaginação. Porém, eu não percebi que ao passo que eu imaginei algo na tentativa de tirar desse algo o que seja o seu real, eu acabei por desvendar sua verdade em um contexto fora de mim ou chamado contexto imaginário. Então dizer mais uma vez que, eu acesso o que é real pela via imaginária da verdade, pois a verdade já se apresenta estabelecida na imaginação ou dentro do contexto dessa imaginação seja ela qual for... O que talvez consigamos seja apenas aumentar o grau de elevação das sensações durante o ato de imaginar, uma vez que, a imaginação de algo ou de um mundo captará sua verdade no próprio contexto imaginário, acessando para isto a via imaginária da verdade....


    Assim sendo talvez a dica seja, vamos acessar os mundos possívéis pela via imaginária da verdade regrando-nos de uma sutil batucada sambista...rsss


    Abraços ressentidos!!

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